quinta-feira, agosto 18, 2016

Centésimo Programa Linha Econômica : Que venham outros 100!


Evaristo Almeida*

A Rádio Web Linha Direta do Diretório Estadual do PT, http://www.radiolinhadireta.org.br/aovivo/index.html, completa quatro anos, em agosto. É um dos passos do Partido dos Trabalhadores na construção de uma mídia democrática que possa transmitir a narrativa dos trabalhadores, em contraponto à grande mídia capitalista, oligopolizada, golpista e que representa os interesses estrangeiros no Brasil.

Dentro da programação variada da rádio, está o “Linha Econômica” que nessa sexta, 19 de agosto, irá ao ar pela centésima vez. O programa de iniciativa minha, com Eduardo Marques, Ricardo Guterman e o Emílio Lopez e reforçada pelo Laerte Fedrigo e o Reinaldo Franco, que fizeram a história desse programa. Atualmente, ele é apresentado por mim e pelo Laerte Fedrigo.

O objetivo do Linha Econômica é apresentar a economia sob o olhar e os interesses do trabalhador brasileiro.
Tratamos a economia como uma ciência social, política e humana que deve oferecer empregos para todos, com salários dignos e distribuição de renda.

Travamos o bom combate contra o golpe de estado, em curso, através de uma conjunção midiática-jurídica-policial, orquestrada pela potência imperial, que quer se apossar do pré-sal, transformar o Brasil na colônia que foi no passado e impedir o nosso desenvolvimento.

Denunciamos a pilhagem feita pelos ricos, que pagam proporcionalmente menos impostos do que os mais pobres, sustentados pela tributação regressiva que pune os mais pobres e beneficia os mais ricos. A esse respeito escrevi um artigo publicado na Revista da Fatec de Itu, que pode ser acessado no endereço https://issuu.com/varvitu/docs/artigo_8_var_5. Propomos que a sonegação feita principalmente pelos mais ricos do país seja tratada como crime hediondo. O Brasil é medalha de prata no quesito (só perde para a Rússia), sonegando 13,4% do PIB anualmente, mais de R$ 600 bilhões, dinheiro mais suficiente para resolver os problemas do país.

Os juros foram tratados em praticamente todos os nossos programas e demonstramos que são formas de pilhagem do povo brasileiro e que transferem para os mais ricos cerca de R$ 500 bilhões, que deveriam ser investidos na educação, saúde, segurança, transportes e bem-estar do povo. Usam a inflação como bode expiatório perfeito para efetuar essa transferência imoral de renda, com forte ajuda da imprensa brasileira, que também é viciada em juro alto. Nossa crítica também atingiu as instituições bancárias que cobram juros extorsivos cobrados pelos bancos brasileiros e estrangeiros, citando o exemplo de um Banco espanhol no Brasil, que na Espanha cobra menos de 5% ao ano e no Brasil chega a 15% ao mês no cheque especial, ou 435% ao ano! Vale citar o filme “A Grande Aposta” em que um dos personagens maldiz um banqueiro por cobrar 20% ao ano de juros, imaginem o que ele diria se fosse brasileiro.

Defendemos que toda corrupção do país seja investigada, independente de partido, por entendermos que o objetivo da Lava Jato não é combater a corrupção a qual é secular no Brasil, veio com Cabral nas caravelas, e sim para ser usado no golpe de estado, para perseguir o PT e destruir parte da economia brasileira, para que empresas estrangeiras possam se apossar do nosso mercado. Lembramos do artigo de Ricardo Semler, intitulado “Nunca se roubou tão pouco, que pode ser lido no sítio http://seumlertabom.blogspot.com.br/2014/11/nunca-se-roubou-tao-pouco-ricardo-semler.html, ressaltando que a corrupção vem sendo diminuída no Brasil nos governos do PT, era de 5% do PIB, segundo Semler e caiu para 0,8% do PIB, lembrando que a sonegação, corrupção privada dos ricos, é de 13,4% do PIB, aferido pelo Tax Justice Network, que pode ser lido em http://www.valor.com.br/brasil/3333552/no-mundo-brasil-so-perde-para-russia-em-sonegacao-fiscal-diz-estudo.

Queremos a Petrobras sob controle do povo brasileiro, que a renda auferida no pré-sal seja empregada na educação e na saúde, como preconizada pelos governos Lula e Dilma, que a maior parte dos equipamentos seja fabricada no Brasil e que empresas estrangeiras que não investiram um centavo para encontrar o pré sal não fiquem com essa riqueza que é nossa. O petróleo descoberto no Texas, nos Estados Unidos, serviu para desenvolver esse país, assim como a Holanda e a Noruega se utilizaram dele para enriquecer e desenvolver o seu povo. Já tivemos nosso ouro levado para a Europa, deixando nas Minas Gerais apenas buraco e pobreza, não é justo que mais uma vez nossas riquezas sejam roubadas, dadas por um grupo de políticos que através de um golpe de estado querem inviabilizar o Brasil como nação.

Entendemos que é preciso desindexar a economia brasileira, tirando a obrigatoriedade de aumento anual dos preços de energia, telefonia, transportes e pedágio. Sem isso, estaremos condenados a inflação alta, pois essa prática força o aumento dos preços em geral. Devemos usar a Companhia Brasileira de Alimentos, para através de estoques reguladores impedirem a variação brusca de preços nos alimentos e incentivar a agricultura familiar para aumentar a produção de alimentos no país. Esse é o verdadeiro combate à inflação.

O câmbio também tem muita influência nos preços e desindustrializa o país, assim devemos ter uma taxa de câmbio que proteja a produção interna e torne possível a exportação de produtos industrializados. Para isso o país deve adotar controle de capitais, impedindo o carry trade (pilhagem estrangeira através da arbitragem cambial).

Queremos que os trabalhadores façam parte do Comitê de Política Econômica – COPOM do Banco Central e que a busca pelo pleno emprego, ao lado do controle inflacionário sejam as metas alcançadas. Não faz sentido numa democracia um grupo de tecnocratas decidirem sozinhos a vida de milhões de pessoas.

A ciência econômica precisa mudar, principalmente no Brasil, na busca da vida e não da morte como a economia financista ensinada nas universidades estadunidenses, que formam economistas com teses, que segundo Gaibraith não são aplicadas nem nos Estados Unidos. A economia ensinada por eles está fora da realidade do mundo e apenas transformam ricos em bilionários e pobres em miseráveis.
O Brasil ainda tem que olhar para os continentes Latino Americano e Africano, nosso espaço vital, incentivando o Mercosul e a integração da América do Sul.

São vários pontos abordados nesse tempo, que claramente estão na esfera da política, pois a narrativa hoje hegemônica feita pela classe dominante brasileira, é claramente contra tudo isso. Ela quer um Brasil subordinado aos Estados Unidos, que o trabalhador tenha apenas 15 minutos de almoço, trabalhe 60 horas semanais, nunca se aposente, ganhe um salário ínfimo e ainda tenha que pagar pela saúde e pela educação. Uma verdadeira barbárie em pleno século XXI.

Nós apresentamos um projeto de país; um país socialmente igual, humanamente diferente e totalmente livre.

Estiveram conosco nessa jornada o Cidão, Secretário de Comunicação do PT-SP, as jornalistas Aline e a Kátia, que foram responsáveis pela rádio, os jornalistas Elineudo e Cláudio, que são os atuais responsáveis, o Sílvio que é nosso operador de som, além de um músico incrível e o Paulinho que por lá também passou pelos controles, não esquecendo o Clodoaldo e todos os presidentes estaduais e secretários do PT-SP nesse período.

Queremos também agradecer a todos os que passaram por aqui, através de entrevistas esclarecedoras.

E também parabenizar todos os militantes do Partido dos Trabalhadores pela luta dura que sempre travaram pelo Brasil. O programa Linha Econômica é apenas mais um instrumento dela.

*Economista, Mestre em Economia Política pela PUC-SP, apresentador do programa Linha Econômica junto com Laerte Fedrigo.