terça-feira, outubro 18, 2011

O Brasil, a crise econômica mundial e a esquizofrenia da grande mídia.


Do Blog se a rádio não toca

A quinze dias atrás, o Banco Central finalmente reduziu os juros, o que deveria ser motivo de grande comemoração, mas estranhamente a grande imprensa iniciou uma verdadeira campanha contra a queda dos juros. Isto se materializou na chamada de que o “mercado era contrário à queda dos juros”, mas quem está falando por mim? Quero lembrar que qualquer trabalhador por vender e comprar no dito mercado, já faz parte deste espaço econômico. Quero dizer que como a grande maioria dos trabalhadores espera que os juros caíam para gerar mais renda, empregos e aumentar a despesa do governo federal na saúde e com mais obras e investimentos. Portanto o mercado aprovou a redução de juros, que é contra e uma “meia dúzia”, os chamados rentistas, que querem receber cada vez mais. Estes querem juros reais descontados à inflação de 6%, quanto em vários países isto é zero. Segundo estudos do mercado financeiro os juros podem cair de 12% para 5% nos próximos anos, e desta forma se aproximar das taxas cobradas na maioria dos países da Europa e dos Estados Unidos. Esta queda representa pelos cálculos de Amir Kahir aproximadamente 70 bilhões de reais que podem turbinar o mercado interno e ajudar ao Brasil escapar dos piores efeitos da nova etapa da crise mundial.

A turma dos juros altos já tem o seu receituário para a crise: aumentar os juros, fazer a recessão ou o baixo crescimento e jogar nas costas do trabalhador os custos da crise econômica causada pela sua inépcia em apoiar um modelo neoliberal que desregulamentou o mercado, o transformando em um DEUS que não poderia ser questionado por simples mortais.

A mídia berra contra os juros altos e agora grita contra o corte de juros. A grande mídia dizia que o dólar baixo ia quebrar a indústria e leva os empregos serem gerados em outros países, agora quando o governo toma medidas concretas para defender a indústria com elevação de impostos e se consegue a alta do dólar, por intervenção no mercado de derivativos, esses grupos da imprensa passam a apoiar os importadores. Ou seja, a irracionalidade de uma oposição sistemática ao governo central que se vale de problemas concretos para atingir seus objetivos, mas que no fundo quer a manutenção dos juros altos e da implantação de uma política econômica contra o trabalhador brasileiro, que se manifesta na lógica deu problema, resolvemos fazendo uma recessão.

Ainda pasmem acusaram o Banco Central de operar politicamente, quando eram eles que estavam fazendo isto para defender seus interesses. Estes senhores do mercado financeiro faziam de conta que ignoraram o cenário da crise na Europa e nos Estados Unidos e estes ditos economistas para atingir seus objetivos discutiam a economia brasileira apartada do cenário mundial.

Quero lembrar que há dois anos atrás a grande economista Conceição Tavares, mestre de nossa atual presidenta, veio a publico apontar que a segunda parte da crise iria acontecer no segundo semestre de 2010 ou 2011. Os ditos “economistas do mercado”, aqueles que são entrevistados pela grande mídia se calaram.

Chamo a atenção para a virada do setor industrial que na década de noventa defendia a abertura comercial do Brasil para os importados e agora é absolutamente contrário a esta medida e defende que o Brasil defenda seu mercado interno. Os sindicatos apontam que aproximadamente 180 mil empregos seriam gerados no Brasil se diminuísse a crescente importação de automóveis. Lembro que a maior dificuldade para os Estados Unidos saírem da crise é taxa de desemprego de quase 20%. Esta mudança aponta para a necessidade de preservar nossa capacidade industrial para não sermos reduzidos a um país somente produtor de matérias primas.

Desde agosto já se sabe que os Bancos europeus estão em dificuldade e que necessitam de R$ 300 bilhões de euros para não quebrar e, além disto, os títulos da dívida da Grécia já valiam no mercado secundário a metade, o que fará com que bancos alemães e franceses apresentem quedas expressivas que podem enfraquecer ainda mais a já frágil economia européia e norte-americana. Agora as autoridades européias já reconhecem que os bancos franceses podem quebrar e que desde agosto o governo norte americano vem dificultando que as instituições financeiras do velho continente possam tomar empréstimos.

O cenário que se abre foi assim descrito por Gordan Brown, ex-primeiro ministro inglês, como de uma década perdida no velho continente e nos Estados Unidos. A economia irá demorar muito para recuperar os empregos perdidos e se caracterizará pelo baixo crescimento de sua riqueza. Num cenário internacional isto irá reforçar o papel do Brasil nas Américas e no Mundo, visto que o Brasil seguirá crescendo numa faixa de 4 a 5% por ano. Talvez esta seja a grande preocupação da grande imprensa, que agora defende os importadores e pouco se lixa para o nosso parque industrial, e na verdade faz tudo que pode para não permitir que o Brasil cresça e apareça no cenário mundial para beneficiar os interesses dos atuais detentores do poder mundial.
O governo Lula e agora o de Dilma mostram que se vence a crise com crescimento e não com recessão, como vimos na primeira parte da crise em 2008. Além do mais, as medidas econômicas adotadas impulsionaram o mercado interno de consumo, elevando a renda, o emprego e a produção do país, mesmo em períodos de forte crise internacional.

O crescimento do crédito interno, a recuperação do salário mínimo, as políticas sociais voltadas aos mais pobres e a retomada dos investimentos públicos em infra-estrutura são os pilares desta política de recuperação do crescimento da economia brasileira, agora com maior distribuição de renda.
Deste modo, vemos o grande mérito da política econômica e social promovida pelos governos Lula e Dilma nos últimos anos, “blindando” o Brasil das últimas grandes crises internacionais. Cabe ressaltar as seguintes ações do governo federal que marcaram os últimos nove anos:


A expansão e consolidação de um mercado interno de consumo, que significou a incorporação de mais de 30 milhões de pessoas à chamada classe média.

Produção de alimentos com grande impulso à agricultura familiar, contribuindo no incremento das exportações e no combate à fome e à miséria.

A conquista da realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas, atraindo novos investimentos e gerando emprego, mantendo o crescimento forte do mercado interno e blindando o país dos efeitos da nova fase da crise econômica internacional;

Fortes investimentos na produção de energia, não só com a descoberta e exploração do pré-sal, mas com a diversificação da matriz energética baseado no crescimento da utilização de fontes de energia renováveis, especialmente os biocombustíveis (etanol) e a hidrelétrica, mas também a eólica e a solar. Além disto, estamos vendo como a indústria vinculada a novas energias vem crescendo, inclusive com a produção de plástico verde.

A volta das grandes obras e do planejamento governamental, simbolizados pelo Programa de Aceleração do Crescimento I e II (PAC).

Forte retomada de setores econômicos importantes na geração de empregos, como a construção naval (“puxado” por encomendas da Petrobrás) e a construção civil (“impulsionados” pelo programa habitacional Minha Casa Minha Vida).

Política Externa e Comercio Internacional: O governo Lula buscou conquistar novos mercados e diminuiu a dependência econômica dos Estados Unidos, ação que foi violentamente criticada pela imprensa. Ao buscar novos mercados e diversificar a sua exportação, além de valorizar o comercio Sul-Sul, o governo Lula abriu novas perspectiva e fez com que o Brasil sofresse menos na grande crise capitalista.

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