segunda-feira, julho 11, 2011

A inflação de "duas caras" e um só interesse


Durante os meses de março, abril e até parte de junho, este Tijolaço aqui ficou “remando contra a maré” da mídia e afirmando que não havia risco inflacionário estrutural na economia brasileira, enquanto todos viviam em pleno “terrorismo inflacionário”.

Tivemos (e ainda temos), é certo, o aumento dos preços de combustíveis, uma mistura de fatores sazonais – reais – e espertezas de estoque dos usineiros -ou melhor, dos grandes grupos estrangeiros e nacionais que oligopolizaram o setor. Mas a trajetória ascendente da taxa de juros, a repercussão midiática do “a inflação está explodindo” e até o “carregamento” da inflação de 2010 nos preços administrados e contratos, tudo isso criou uma expectativa de aumento de preços tremendamente lesiva à administração da política econômica.

O Ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central – é só puxar pela memória recente – ficaram sob uma tempestade de terrorismo inflacionário. E, como política econômica tem política antes do econômica, tiveram de mover-se, embora com resistências, no sentido de aliviar as pressões.

Aí em cima, para quem duvidar, estão os números do IGP-1° decêndio (de dia 10 a dia 10) de 2010 e 2011, incluindo o divulgado hoje, de -0,21%.

Basta olhar e ver que a trajetória é de queda.

Mas os lobos não usam a lógica ao discutir com o cordeiro.

E, por isso, hoje o mercado financeiro, como você vê na mídia, elevou – e bruscamente – suas projeções de inflação oficial – medida pelo IPCA - de 6,15% para 6,31%- enquanto reduzia as previsões de inflação contábil – basicamente o IGP-DI, de 5,91% , na semana passada, para 5,76%.

Sabem que podem contar com as pressões altistas no varejo e serviços e usam isso para submeter a área econômica do Governo a elevarem a taxa pública de juros. E, claro, com eles os juros de mercado, praticados com (ou contra) pessoas e empresas.

Até porque continuam contando com a barata – e perigosa – contratação de recursos externos como fonte de financiamento de uma oferta de crédito que se quer evitar no país.

As medidas insinuadas pelo Ministro Mantega no final da semana passada não podem e não devem se restringir ao aumento do depósito compulsório para os gigantescos contratos de dólar futuro que são usados neste processo e para forçar, ainda mais, a apreciação do real frente ao dólar e de uma sinalização de que não basta pressionar para obterem novas elevações na taxa de juros.

Uma demonstração de que não é fácil assim pressionar a área econômica do governo faz parte de uma sadia política econômica. Porque, como se disse antes, nesta expressão, política vem junto, mas na frente, de economia.

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