sábado, fevereiro 13, 2010

Mino Carta: FHC é pecador contumaz


Na foto, FHC, morto de inveja de Mozart



O Conversa Afiada publica o editorial de Mino Carta, na Carta Capital desta semana:

Pecado capital

É do conhecimento até do mundo mineral que Fernando Henrique é vaidoso. Mesmo os amigos mais chegados lhe apontam o pecado desde os tempos em que iam às calçadas paulistanas na noite da corrida de São Silvestre para torcer pelo tcheco Emil Zatopek, a “locomotiva humana”, por enxergar nele o perfeito representante do império soviético.

Pecado capital, a vaidade, segundo os católicos. Se esse aspecto da personalidade do ex-presidente não passa despercebido aos olhos do Pão de Açúcar e da Pedra do Baú, imaginem o que se dá com Lula, um expert em FHC. As mais recentes reações do príncipe dos sociólogos às comparações promovidas na área petista entre seu governo e o de Lula servem somente para demonstrar que FHC é pecador contumaz, de sorte a alegrar seus adversários e, assim me parece, inquietar José Serra.

Se a vaidade de FHC se estabelece, Lula vence, pois é exatamente a vitória que procura. O presidente montou o ardil, o ex-presidente caiu na esparrela. Adaptou-se ao esquema do plebiscito convocado peremptoriamente pelo atual titular sem perceber o erro pueril que estava a cometer. Vanitas vanitatum, diriam os antigos romanos. Dona Dilma esfrega as mãos de puro contentamento.

Interessantes as repercussões na mídia nativa. O Estadão, por exemplo, com patética insistência, orgulha-se por ter publicado no domingo 7 o artigo de FHC que abre fogo e que teria seguimento na segunda com novos, comovedores esforços do ex-presidente para levar lenha à lareira petista. Já a Folha de S.Paulo na terça levanta claras dúvidas quanto à conveniência das atitudes fernandistas a contrariar a estratégia do governador Serra. O qual, anote-se, fecha-se em copas.

O jornal tem sido bom intérprete do pensamento serrista, de sorte a induzir a impressão de que expõe, de fato, o desconforto do pré-candidato. E chega ao ponto de colocar em papel impresso aquilo que FHC não disse e deveria ter dito a bem da verdade factual. No caso da taxa de pobreza, ela permaneceu estável de 1996 a 2002, caiu “de forma aguda” somente sob Lula. A Folha lembra também que o salário mínimo cresceu mais no governo atual e que as dívidas interna e externa fermentaram à desmesura à sombra do tucanato.

Apesar de tudo, a Folha foi generosa com o ex-presidente, aquele que o mundo nos invejou, não é mesmo? Aliás, Lula atingiu uma popularidade mundial com que FHC nunca sonhou, graças também a uma política exterior conduzida com extrema competência, enquanto o antecessor, protegido de Clinton, atrelou-se passivamente à vontade americana e professou a religião neoliberal. Quem sabe, no caso dê o ar de sua graça outro pecado capital: a inveja, ótima aliada da vaidade.

Há, entretanto, comparações mais preocupantes, digamos assim. Fernando Henrique quebrou o Brasil três vezes e sua obra-prima em matéria foi realizada para garantir o segundo mandato, quando, em campanha, prometeu a estabilidade do real para desvalorizá-lo doze dias depois de empossado. Antes, votos de parlamentares haviam sido comprados para assegurar a alteração constitucional.

E nem se fale das privatizações, colossal bandalheira sem precedentes na história pátria, tormentosa época em que a turma da equipe econômica se referia a FHC como a “bomba atômica”. E também evitemos referências à chacina de Eldorado dos Carajás, perpetrada pela polícia de um governador tucano pronta a atirar em lavradores do MST. Dezenove morreram diante do descaso do presidente da República.

E por que não evocar a figura onipresente de Daniel Dantas, o banqueiro do Opportunity, favorecido pelas privatizações e pela condescendência de FHC, que mais de uma vez lhe fez as vontades? Ou não seria mais verdadeira a recíproca? Ou, por outra, a condescendência de Dantas em relação ao presidente da República e ao tucanato em geral?

Certo é que FHC fortalece a ideia do plebiscito, tão cara e pacientemente cultivada pelo adversário.


COMENTÁRIO E&P
Muito bem Mino! Na "jestão" FHC o Brasil virou uma colônia dos Estados Unidos. O próprio FHC ligou para Clinton para dizer que a Raytheon tinha ganho um presentão. O SIVAM. Dizem que os estadunidenses instalaram o sistema, mas podem ter acesso a todas as informações coletadas. Que beleza! Ganhar US$ 1 bilhão e ainda ter gratuitamente as informações da Amazônia. O Celso Lafer não honrou o país, miseravelmente tirou os sapatos para entrar nos Estados Unidos. Era suspeito de ser terrorista! A banca tucana se locupletou, foi um festival de economistas conservadores que ficaram ricos de repente. E o Gustavo Franco que enganou todo mundo dizendo que o câmbio não estava sobrevalorizado. Eu estudava na PUC-SP, nessa época e tivemos uma palestra de um físico que estava fazendo doutorado em economia na USP que atestava matematicamente que o câmbio estava no ponto de equilíbrio. Tive vontade de dizer-lhe que era balela, pois era só observar o balanço de pagamentos e os déficits seguidos para ver que Gustavo Franco estava nu e o câmbio estava de fato sobrevalorizado. Naqueles dias não adiantava, pois o Sardenberg e a Miriam Leitão martelavam dia e noite que estávamos no paraíso. Na verdade estávamos no inferno, pois essa política nefasta desempregou 10 milhões de brasileiros. É por essas e outras que o povo brasileiro tem verdadeiro repúdio ao FHC. Fujimori está preso, Carlos Salinas, do México fugiu, Menem foi processado pela justiça argentina. E FHC naõ deveria ter o mesmo destino deles?

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