segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Tevelândia – O Público e o Privado

Artigo 223 da Constituição Federal: “Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiofusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal.”





CartaCapital nº 474 – Coluna Estilo – estilo@cartacapital.com.br



Tevelândia – O Público e o Privado

Televisão comercial esperneia porque rede pública traz o perigo da informação independente - não o oposto.



Têm toda a razão os jornalões e a emissora Hegemônica em tentarem detonar a idéia – agora, realidade – da TV Brasil, a nova rede pública federal.



Há, de fato, perigo iminente e fatal: a de que qualquer jornalismo independente, praticado sob o guarda-chuva de uma emissora tipo BBC, RAI ou PBS, acabe por expor, num contraponto ainda que involuntário, a indigência e a má-fé do pensamento único exercido pela imprensa brasileira, em sua quase unanimidade. Do jeito que estava, tudo bem. Agora as coisas podem complicar.



Daí a angústia instaurada na praça. É a “TV pública do Lula”. É o “chavismo”, o “autoritarismo”, o “aparelhamento do Estado”, “a ameaça à democracia”, como se a atual tevê de broadcasting ou mesmo a tevê a cabo, guiadas por interesses privados nem sempre cristalinos, fossem o farol da salvaguarda democrática.



É curiosa a mídia conservadora: ela está sempre falando em nome do “povo”, da “opinião pública”, da “sociedade civil”, sem que ninguém lhes dê exatamente licença para isso. Quem é que, com exceção da direita comercial e boquirrota, se acha verdadeiramente representado pelo que pensa e proclama a TV Globo?



De mais a mais, a TV Pública era permitida, e até elogiada, enquanto estava restrita ao nicho de interesses regionais – conservadores, claro. Nunca se falou em “TV pública do Geraldo Alckmin” ainda que ele, governador de São Paulo, tenha nomeado para dirigir a TV Cultura – tevê pública – o presidente do PSDB do Estado. Nenhuma exasperação, nenhum escândalo.



Quem é que se refere à TV Cultura hoje como a “TV pública do José Serra”? Cai sobre a mídia aquele silêncio hipócrita e ideológico. Mas a Folha de São Paulo, que mantém com o governador Serra relações carnais, praticamente sexuais, desvia-se do assunto, enquanto acusa o governo Lula de lançar suas garras sobre “a soberana e independente” Cultura, aquele reduto de isenção cujo timing – e o Roda Viva sempre foi o exemplo mais evidente – sempre privilegiou, ó, surpresa, o tucanato.



A realidade é que a Tv Brasil vai salvar a Tv Cultura da bancarrota, pagando uma pequena fortuna para usar sua antena e, eventualmente, sua tecnologia.



Reina desespero entre aqueles críticos de aluguel – que recebem para ecoar o que seus veículos querem que eles digam – porque o conselho curador da TV Brasil recrutou empresários, intelectuais, e nenhum militante do MST. Será mais uma prova do sorrateiro maquiavelismo do indesejado metalúrgico? Fingir isenção para, depois, dar o bote?



O ideal acalentado pelo jornalismo de mão única – no qual a TV Globo se supera – é uma democracia asséptica, sem povo e, claro, sem informação.

COMENTÁRIO E & P

Vivmos atualmente no Brasil a luta entre implantar um projeto de nação, democrática, justa e civilizatória e o "ancien regimen" representado pelo PIG de manter o país os privilégios de uma pseudo-elite predatora e egoista. Eles representam a barbárie e utilizam de todos os meios midiáticos, principalmente a televisão para manter o sistema do jeito que está. Não só a TV Brasil, mas uma série de outros programas que sinalizam um país mais justo, como o Bolsa Família, das cotas sociais e raciais nas universidades públicas e Prouni sao bombardeados. Essa gente não se importa com o país e com seu bobo. Querem manter o champanhe e caviar e que o povo coma brioches se tiver. É ISSO.

Um comentário:

Yuri Contini disse...

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